domingo, 28 de agosto de 2011

Queridos leitores...

Neste últimos dias, tenho notado que o "Canto da Vânia" tem tido muitas visualizações, não só por parte do público português, mas também por inúmeros leitores brasileiros, nomeadamente, nos artigos sobre a história da moda. Quero assim agradecer, do fundo do coração, pela preferência e pela atenção dada a este meu recente projecto, por todos os que aqui passam quer em busca de informações ou até por curiosidade.

Para os que gostam dos meus artigos sobre história da moda, quero informar que o novo post sobre os anos 50 está quase pronto e que se quiserem que eu trate ou foque algum assunto em especial, podem sempre contactar-me com o vosso pedido.

Em breve, o blogue irá ter um novo layout, que nunca seria possível sem a ajuda da minha amiga Cátia :)  Espero que gostem, afinal é tudo para vocês.

Espero poder continuar a contar com a vossa presença aqui.
Até uma próxima,
Vânia     :)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A moda na década de 1940

Nesta década, dá-se o apogeu seguido do fim da Segunda Guerra Mundial, ocorre o lançamento da bomba atómica em Nagasaki, Gandhi é assasinado por um extremista hindu e é aprovada, em 1948, a Declaração dos Direitos Humanos pela ONU.

Depois da queda de Paris sob mãos alemãs, as regras de racionamento restringiam a quantidade de tecidos que se podiam comprar e usar no fabrico de roupas, pelo que, além da "reciclagem" de peças de vestuário, também o uso de materiais alternativos (a viscose e as fibras sintéticas) permitiram o salvamento da moda, durante os anos de guerra.
Com o encerramento de muitas casas de moda francesas, e depois da tentativa frustrada do regime nazi em tornar cidades como Viena capitais da moda, a moda passou a reflectir influências vindas da América. Da mesma forma como tinha sucedido durante a Primeira Guerra Mundial, as mulheres eram obrigadas a trabalhar; como tal, as roupas tinham carácter utilitário e eram inspiradas nas fardas militares. Com restrições a nível da quantidade de tecido usado, presença de ornamentos nas peças de vestuário e mão-de-obra usada, as roupas eram muitas vezes feitas em casa.
 Mulheres usando roupas populares em tempo de guerra, que permitiam o uso da bicicleta.

O look icónico da época é sem dúvida o conjunto saia/casaco, além da saia-calça, que realçavam o busto e a cintura.
Nesta década, a tendência ditava o uso de cinturas finas, saias com pregas finas, presas por penses, blusas justas, chapéus (por vezes substituídos por turbantes) e luvas; as saias tinhas pormenores como um bolso falso, que lhes conferia maior volume. A forma dos ombros era quadrada e as calças compridas, ambos de corte masculino, lembrava as fardas militares. As saias voltaram a encurtar e vestidos que imitavam conjuntos de saia e casaquinhos abotoados popularizaram-se; os sapatos tinham aspecto pesado e masculinizado e de couro brilhante: incluíam o modelo plataforma (mais usado por se desperdiçar menos material) e as socas de madeira (estas últimas foram bastante usadas por Carmen Miranda). Com o preço da seda a aumentar, os collants foram substituídos por meias tipo soquete. As malas à tiracolo eram também muito usadas pelas mulheres.

 Look icónico da década de 40 - o conjunto saia/casaco
 
 Look anos 40, com especial atenção para o casaco estilo militar e o uso de socas

 Carmen Miranda, um ícone da época
Devido à falta de cabeleireiros, os cabelos passaram a ser usados mais longos, presos por grampos ou modelando-os em cachos. O lenço, usado no cabelo, tornou-se bastante popular nos tempos de guerra.


 
Exemplos de penteados usados na época

Com o fim da Guerra, a moda apresentava agora uma tendência para o luxo e para a nostalgia. O corte masculino foi abandonado e substituído por um visual que valorizava as formas femininas.
Com o objectivo de ressuscitar a alta-costura, em 1947, Dior lançou a sua colecção intitulada "New Look", que marcava uma forte oposição ao modo de vestir dos anos de guerra. As saias eram agora amplas de cintura fina, as blusas eram estruturadas (os ombros e os seios adquiriam formas naturais) e usavam-se sapatos altos, luvas e chapéus grandes. Um vestido chegava a gastar 25 metros de tecido, e as curvas femininas eram exageradas. Foi um visual que gerou alguma controvérsia na época, devido ao uso de roupas íntimas com barbatanas e tecidos engomados que acescentavam volume à silhueta.


Silhueta característica do "New Look" de Dior

Modelo "New Look", anos 40/50
Foi ainda no final desta década que o prêt-a-porter, trazido dos Estados Unidos, começava a competir no mercado com a alta-costura. No final da Guerra surgiam então as bases de uma alta-costura independente e de uma indústria de moda em prêt-a-porter direccionado para as massas.


Próximo artigo: a Moda da década de 1950 - a época de feminilidade. Não percam!

domingo, 21 de agosto de 2011

A moda na década de 1930

Pois é, hoje vou falar-vos um pouco da moda que caracterizou a década de 30.
Os anos 30 foram palco de diversos acontecimentos, entre eles: a guerra civil espanhola, a subida de Hitler ao poder e o início da Segunda Guerra Mundial, e o "New Deal", proposto pelo Presidente norte-americano Roosevelt como forma de recuperar da crise iniciada em 1929.

Nesta década, a moda reflectiu as dificuldades passadas um pouco por todo o mundo, e revelou-se menos ousada, mas com elegância. Acompanhando a tendência do final dos anos 20, as saias tornaram-se mais compridas e a cintura voltou ao seu lugar original; voltaram as mangas compridas; os cabelos passaram a usar-se mais compridos e o pequeno chapéu Cloche entrou em desuso.
As características principais do vestuário desta época eram os ombros largos e as ancas estreitas, mas sem a rigidez mais comum em épocas anteriores. As roupas acentuavam as costas, através de decotes profundos em vestidos de noite. Os vestidos tornaram-se mais rectos e justos, evidenciando as ancas e o formato das nádegas, e podiam ser acompanhados de uma pequena capa, ou bolero.
Foi nesta década que a moda se associou ao desporto, ao ar livre e à praia. Os estilistas começaram a interessar-se pela moda-praia e pela moda desportiva. Como resultado, passaram a usar-se saias curtas na prática do ténis, os saiotes de praia diminuiram e as cavas aumentaram.

Modelos usados na década de 30


No final dos anos 30, sob a influencia da Segunda Guerra Mundial (inciada em 1939), as roupas apresentavam uma linha militar. As saias, por exemplo, usavam-se agora com uma abertura lateral que ia até abaixo do joelho, para facilitar o uso da bicicleta. 
 
As mulheres altas, magras e com físico desportivo eram mais admiradas e procuradas pelos estilistas, que procuravam acentuar tais atributos. Greta Garbo (ao lado) era o modelo de beleza da época, devido ao seu visual sofisticado, com sombracelhas e pálpebras marcadas a lápis e pó-de-arroz de tom claro, cujo uso de popularizou no universo feminino.


O uso dos óculos-de-sol tornou-se moda nesta década e eram sobretudo usados por celebridades.

Com a Grande Depressão, as roupas passaram a ser cortadas sobre moldes e difundiu-se o uso de tecidos sintéticos (mais baratos), tudo com o objectivo de reduzir o preço final. Tal fazia com que mulheres de diferentes classes sociais usassem roupas bastante semelhantes. Ferragamo, por exemplo, usava materiais mais baratos, como o cânhamo, a palha e alguns materiais sintéticos. Materiais como a baquelita (plástico maleável), tornaram possível o fabrico de jóias de bijouteria, inspiradas em temas do momento. O algodão e a caxemira passaram a ser usados em vestidos de noite.


Surgiu, em meados desta década , uma onda de romantismo, principalmente para os trajes nocturnos. A saia era agora mais curta e franzida no estilo camponês. Houve até tentativas ressuscitar o uso do espartilho.

Com a Segunda Guerra Mundial, muitos estilistas acabariam por fechar as suas maions, mudando-se de França para outros países. Tal revolucionou a forma de vestir e o comportamento de toda uma época.

 Vestidos de noite, salientando os decotes profundos nas costas

 Vogue - Edição de Junho de 1934


Não percam o próximo artigo: A moda na década de 1940! 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A moda na década de 1920

 Na década de 1920, a Inglaterra era a maior potência industrial e económica do mundo, prosperidade essa que caiu drásticamente com o Crash da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em Outubro de 1929; a Europa sofria as consequências do pós-guerra, possibilitando a ascensão de ditadores como Hitler, Mussolini e Salazar; nasce a personagem Popeye, em 1929.


É nesta época, conhecida por Loucos Anos 20,  que é revolucionado o conceito de moda feminina; é a era Moderna da moda. A silhueta dos anos 20 era tubular. As saias tornaram-se mais curtas, cobrindo apenas os joelhos. Tal gerou controvérsia por parte das pessoas mais conservadoras, que condenavam o uso de saias tão curtas em público. Surgiu um novo ideal de sensualidade feminina, segundo o qual a atenção estava voltada unicamente para os tornozelos, menosprezando as curvas, os seios e as ancas (estes três últimos que deviam ter pequenas dimensões) - o look Andrógino. Este novo look também incluía os cabelos curtos e lisos (la garçonne), os quais eram adornados por um pequeno chapéu de uso indispensável e conhecido por cloche. Este foi o look supremo da década de 20. Os vestidos usados eram curtos, leves, elegantes e mostravam os braços e as costas. Na maquilhagem, a tendência era o baton, a boca vermelha, em forma de coração, olhos fortemente maquilhados, sobrancelhas completamente depiladas e substituídas por um risco pintado a lápis e a pele branca.


Com o Crash da Bolsa, em 1929, a moda francesa entrou em decadência, sendo substituída por criações de estilistas como Madeleine Vionnet (1876-1975), Madame Paquim (1869-1936) e, claro, Coco Channel (1883-1971), sendo esta última a mais marcante. Com o aparecimento de Elza Schiaparelli (1890-1973), foram introduzidas roupas de qualidade para a classe trabalhadora.
No final da década de 20, as saias passaram a usar-se mais longas e a cintura voltou ao seu lugar.


Moda nos anos 20

Vogue - Edição de Julho de 1922


Próximo artigo: A moda na década de 1930. Não percam! 

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A moda na década de 1910

Nesta época ocorreu a I Guerra Mundial, iniciou-se a Revolução Russa (que instituiria o regime comunista no país) e deu-se o naufrágio do navio Titanic em Abril de 1912. Foi também nessa época que foi popularizado o uso do rádio como mass media e do automóvel como meio de transporte; em Portugal, deu-se a Implantação da República em Outubro de 1910.

A década de 10 marcava um tempo de luxo e de sofisticação. Nos primeiros anos desta década, a moda feminina exibia influências orientais; as roupas apresentavam cores fortes, o corpete foi substituído pelo uso de drapeados suaves, as saias tornaram-se afuniladas, os chapéus eram tanto maiores quanto mais afuniladas as saias e o adorno preferido eram os botões.
Por volta de 1913, surgiram as golas mais altas, que substituíram os decotes profundos, em "V".
Com o início da Primeira Guerra Mundial, os chapéus tornaram-se pequenos e ajustados à cabeça com penas erectas, introduziu-se o vestido "padrão nacional" com fivelas de metal. Em 1919, a saia justa é substituída por uma saia tubular e longa. Havia uma tendência para abafar o busto e minimizar a cintura, começando esta a ser demarcada em torno do quadril. Em termos de cores, as mais escuras eram preferidas, salientando-se a cor preta.
Em 1916, Coco Channel apresentou ao mundo os tailleurs de jérsei, consagrando-se nesta área e centrando-se a partir de agora unicamente em aperfeiçoar e dar à roupa um estilo próprio.

Grandes Armazéns do Chiado No. 21, Catálogo de Novidades Inverno de 1910 - 4

Moda 1914 
 
Vogue - Edição 1919

Próximo artigo: A moda na década de 1920 

A moda na década de 1900

Caras leitoras do blogue, inicio hoje a sequência de postagens que resumem a moda, década a década, do século XX, tendo em conta, claro, as transformações sociais de cada época.

A DÉCADA DE 1900 E A MODA
Foi nesta década que os ramos da aviação e do automóvel tiveram grandes desenvolvimentos; surgiu o conceito de ARTE MODERNA, com os movimentos culturais Pós-Romantismo; em Portugal, ocorreram movimentos revolucionários que conduziriam posteriormente à implantação da República, nomeadamente o Regicídio de D. Carlos I e do príncipe Luis Filipe.
Com tantas mudanças a ocorrerem um pouco por todo o mundo, o início do século XX marcou também a mudança de estilos no vestuário. Após um período de estilo Vitoriano (predominante no século XIX), é com a sucessão ao trono de Inglaterra que a forma de vestir é modificada, de acordo com o gosto do novo rei Edward. A Era Edwardiana (também conhecida como La Belle Epoque) tinha como características principais a extravagância e a ostentação. Assim, até cerca de 1908, predominava o uso de espartilhos, saias em forma de sino, uso de rendas em decotes, usavam-se cores tais como o rosa-pastel, o preto e o azul-malva (sendo o seu uso associado à riqueza e ao poder), tecidos ricos como o chifon, a musseline e o tule, os cabelos eram presos no cimo da cabeça e chapéus; de dia, o corpo era completamente tapado, mas de noite os vestidos apresentavam grandes decotes, aos quais se somava a presença de plumas nos chapéus e em volta do pescoço. Até esse ano, eram bastante visíveis as influências da rainha Vitória na moda.


Mulheres Vitorianas


Próximo artigo: A moda na década de 1910.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

A moda no século XX

Olá meninas!

As roupas não são só roupas: elas caracterizam épocas e marcam as mudanças sociais e económicas de cada época. Nos próximos dias irei publicar vários textos sobre a moda, década a década e falar sobre o que esta reflectiu sobre a época em questão.


Fiquem bem :)
Vânia

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Novo layout

O "Canto da Vânia", tem um novo layout. Que acharam da mudança?  Preferem o "Antes" ou o "Depois" ?

Em breve, farei novos posts.

Até lá...
Vânia

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Isto não é uma homenagem.

No passado dia 23 de Julho, eram duas as notícias que povoavam os televisores do mundo inteiro: o massacre na Noruega e a morte da cantora Amy Winehouse. Ambas as notícias eram relativas à morte prematura de pessoas jovens, mas por diferentes motivos.
Em Oslo, o assassino Anders Breivik parecia querer, na minha opinião, mergulhar o mundo num novo holocausto; dezenas de jovens inocentes acabaram por perder a vida às mãos de um homem que chocou o mundo pela sua falta de respeito pela vida humana. Dezenas de jovens faleceram por questões meramente políticas; as suas vozes foram-lhes silenciadas.
A outra notícia, respeitante à morte de Amy Winehouse, por outro lado, não era tão inesperada assim. Há muito que a cantora exibia sinais que tal podia acontecer: a controvérsa vida da cantora era preenchida com "notícias" sobre a sua dependência excessiva de drogas e álcool (perceptível muitas vezes durante os próprios concertos), a anorexia e os problemas com o ex-marido.
Desde a sua morte, foram mostradas inagens do "antes" e do "depois" do alcançar da fama de Amy Winehouse; mostrado vezes e vezes sem conta o efeito que os seus vícios e dependências tiveram, sendo a diferença abismal. A sua grande voz (um das melhores dos últimos anos) era muitas vezes relegada para segundo plano pelos seus comportamentos de risco, noticiados pelos tablóides.
Uma desgraça e uma grande perda para a música mundial.Enquanto oiço "Back to Black", não consigo deixar de pensar que Amy estav presa num circulo auto-destrutivo do qual não se conseguia libertar mais. Embora a causa de morte não tenha sido determinada (ou divulgada), no fundo, Amy foi vítima de si própria; foi Amy que silenciou a sua própria voz.

Ainda assim, não faço uma homenagem a estas vítimas. Acredito que homenagens se devem fazer em vida, e não depois da morte. Para mim, estas mortes só terão significado se as vidas perdidas servirem de exemplo a outros, para que nunca mais aconteçam, para que nunca mais ninguém tenha que sofrer pelos mesmos motivos, às suas próprias mãos ou às mãos de outrem. Por essa razão ISTO NÃO É UMA HOMENAGEM, é sim um sentimento de solidariedade para todos aqueles que perderam entes queridos em situações semelhantes e um desejo de esperança de que melhores dias virão.

(não possuo quaisquer direitos sobre o vídeo ou música; está aqui apenas como uma forma de relembrar a contribuição musical da cantora Amy Winehouse)