domingo, 19 de outubro de 2014

De novo a tese!

Nos últimos meses, como devem ter reparado, escrever a minha tese de mestrado ocupou uma grande parte da minha vida. Apesar de já a ter terminado e defendido, acredito que todo o sofrimento que passei para a escrever pode traduzir-se em experiência e conselhos que posso fornecer a quem esteja a passar pelo mesmo. Aqui fica então uma lista numerada com as minhas "Dicas para a sobrevivência à elaboração de uma tese de mestrado".


Dicas para a sobrevivência à elaboração de uma tese de mestrado

#1. Escolhe um tema que te agrade
Quando escolhi o meu tema, fi-lo a partir de uma lista com todos os temas e respectivos orientadores disponibilizados pelo núcleo de estágios da minha faculdade porque nunca estive dentro de qualquer projecto extracurricular. O tema escolhido foi, portanto, um dos temas minimamente interessantes ainda disponíveis aquando da minha vez (e que, por acaso, acabei por trocar duas semanas depois em conversação com a minha orientadora). É importante gostar do tema uma vez que a relação que vão manter com ele vai ser de amor-ódio durante o tempo do seu desenvolvimento, acreditem: não há temas interessantes quando a informação se revelar inexistente, contraditória, duvidosa, confusa e começarem a perder a motivação.

#2. Os teus pais provavelmente não te vão compreender.... assim como a maioria dos teus amigos e toda a gente no geral
No meu caso, isto foi o que aconteceu. Sendo a primeira da família a tirar um curso superior, senti-me um pouco desamparada e incompreendida no que diz respeito, não só à elaboração da tese, como ao curso em si. Não interessa o quanto lhes expliques as inseguranças que sentes em relação ao que estás a fazer, o quão difícil te é passar das 3000 palavras ou todos os requisitos para a elaboração e apresentação da mesma, porque para eles, assim como para toda a gente, é só mais um trabalho (e no fundo, é).

#3. Quando estiveres a stressar, pára, respira fundo, e continua
Entrar em pânico é normal. Não é fácil, eu sei, mas há truques. Eu não segui conselhos online de ninguém e limitei-me a improvisar. Basicamente, quando o stress é elevado, veste as calças de fato de treino, pega nos ténis e vai correr. Correr ajuda muito. Foi o que eu fiz mais nos últimos meses. Corria até estar cheia de dores, até sentir o sabor a sangue na boca, até estar demasiado cansada para conseguir pensar na tese. E depois de correr, toma um duche e dedica-te à tese, e as coisas vão fluir melhor.
Quando correr não for a resposta para o que precisas, e até as paredes já te irritarem, simples: pega no computador e no que precisares no imediato e vai para uma esplanada. Eu fiz isso algumas vezes. Sim, pode ser algo estranho chegares a uma esplanada de um bar de praia com um bronzeado de quem nem foi sequer à praia, com uma mala e um computador quando toda a gente por lá acabou de sair da água e ainda trazem areia nos pés e olham para ti como se fosses doutro planeta, mas resulta. Mudar de ambiente resulta e compensa!
Se nada disto resultar?? Falem com amigos, saiam de casa! Não perdem nada por estarem longe da tese durante umas quantas horas (horas essas em que não iam conseguir escrever nada, porque estavam a fritar!), e quando voltarem, terão de certeza uma perspectiva renovada da questão.
Lembrem-se que nós temos tendência a exagerar e a dramatizar, e que as pessoas à nossa volta não têm necessariamente que partilhar da mesma perspectiva: tentem ser pacientes (eu devia ter sido, mas não consegui... chateava-me com toda a gente a toda a hora - virei MasterZilla!)

#4. O orientador vai ser o factor-surpresa de todo o processo
Mesmo que conheçam o professor em questão, nunca se sabe bem como vai ser o envolvimento do mesmo na elaboração da tese. Não se quer nem um orientador que monopolize o nosso trabalho, nem um que nos dê total liberdade (este último, o meu caso). Na minha opinião, o orientador ideal deve estar disponível para nos dar alguns conselhos, elucidar-nos quanto à direcção a seguir, corrigir-nos a tese durante o desenvolvimento, etc etc. Mas nem sempre essa visão se concretiza, no meu caso em particular, por falta de disponibilidade da minha orientadora. Acabei a fazer tudo sozinha e às pressas, porque o estágio deixava-me pouco tempo livre. Seguiu com alguns erros, sim, e com algumas incorrecções científicas que me foram prontamente apontadas pela minha orientadora durante a defesa, e de uma forma que, a meu ver, podia ter sido mais simpática.

#5. Tenham uma Get Psyched Mix para se sentirem motivados
Seguindo o exemplo do grande Barney Stinson (HIMYM), eu tive obrigatoriamente de arranjar uma lista de músicas para me sentir permanentemente motivada e interessada. A importância foi vital ao ponto de, a segundos de começar a apresentação, ter entoado na minha cabeça a Can't Hold Us dos Macklemore & Ryan Lewis (tanana tanana tanana tanana eh eh eh eeeeeeh eh eh eh ooooooooooooh) para ganhar coragem para enfrentar aquele momento.

#6. Bebam água, alimentem-se e durmam!!
Com o stress e a pressão para escrever o maior número de palavras sobre determinado assunto, podemos esquecer-nos de algumas coisas importantes. Beber água regularmente evita a desidratação e consequentes dores de cabeça, com efeitos a nível da nossa resistência cerebral. Uma alimentação equilibrada ajuda a nível da função cerebral e na redução do cansaço e é por aí que devemos começar antes de passarmos aos suplementos alimentares. Dormir é muito importante. Se forem como eu e funcionarem melhor de noite, tratem de compensar no dia seguinte porque o café e outros estimulantes não vão fazer de nada se não dormirem bem (e ainda desidratam!!).

#7. Nada de comparações!
Cada um tem o seu ritmo de trabalho, condicionado pela sua rotina diária. Apesar de tentador, não devem comparar a evolução do vosso trabalho com a dos vossos amigos e colegas. Os temas são diferentes, assim como a técnica de recolha de informação e os níveis de exigência. Comparações levam a sentimentos de frustração, e a frustração é inimiga do sucesso.

#8. A apresentação em PowerPoint não deve ser uma cópia da tese!
Tese terminada, há-que fazer a apresentação. Mas... o que colocar lá?
No que diz respeito ao meu tema, eu tive alguma dificuldade na elaboração da apresentação. Queria expor o meu tema sem adormecer a audiência ou ultrapassar o tempo de discussão. A solução então passou pelo foco numa determinada parte do meu texto que considerei mais relevante para a discussão, com breves menções dos tópicos restantes. Esta não é, no entanto, uma solução universal e cada um deve estabelecer a forma mais adequada para apresentação da respectiva tese.

#9. Salvem várias cópias do vosso trabalho!
Mandem para o e-mail, coloquem na Dropbox ou em qualquer outra Cloud. Protejam-se de possíveis acidentes e de perdas de texto absolutamente desnecessários.


Muita força e muita coragem! Compensa!!


Por enquanto é isto... Numa próxima irei falar mais concretamente sobre a parte da defesa.
Até!!**

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